quinta-feira, julho 13, 2006

A um Otimista
(Augusto de Lima)


Pensas que são inteiramente nossos
nossos corpos de argila? Não no creias.
Para reter a vida, em vão anseias:
dela não guardarás sequer destroços.

Não tens, fingido herdeiro de colossos,
destinado a guardar coisas alheias,
nem o sangue que corre em tuas veias,
nem a sutil medula de teus ossos.

Uma voz noutra voz reproduzida,
reproduzindo antiga voz perdida,
o eco responde à voz — eco também...

Ris-te da sombra que refletes? Ri-se
também de ti a sombra: — quem te disse
que não és — olha atrás! — sombra de alguém?

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